segunda-feira, novembro 12, 2007

Lugar secreto

Este é o lugar secreto,
Terra de traquinas sutilezas mil.
De tão púrpuras, amoras fartam-me a boca
Como numa fuga fraternal.

Este é o lugar secreto,
Floresta doce das ilhotas cristalinas.
De tão oníricas, esperanças fomentam corações inanimados
Como numa viagem além-mar.

L. Valdez

Nov/2005

A chuva

Il pleut aujourd'hui.
Mais pas dehors
Je dis ici, dans la poitrine
Et mille volcans meurent avec moi
Sous les eaux de la mer de l'oublié.

L. Valdez

Jan/2006

segunda-feira, agosto 20, 2007

As bicicletas de Belleville



“Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Quem nunca ouviu falar neste dito popular que tanto nos felicita com momentos inesquecíveis? Veja a mãe que abraça o filho, o casal de namorados que se beijam apaixonadamente. Não é preciso dizer sequer uma palavra para compreender essas cenas; está em nossa essência de gente - basta ver e sentir. Nos filmes de Buster Keaton podíamos perceber claramente que cada personagem possuía características peculiares, personalidades e sentimentos, sem precisar dizer uma única palavra. “As bicicletas de Belleville”, (Les Triplettes de Belleville) filme dirigido por Sylvain Chomet, utiliza os mesmos princípios do cinema mudo com pouquíssimos diálogos – um longa animado que traz em si um nostálgico retorno à infância e fantásticas sutilezas visuais.
Champion é um garoto infeliz que vive com a avó (Madame Souza) e seu cachorro (Bruno). Madame Souza descobre que a paixão do neto são as bicicletas e lhe presenteia com uma. Os anos se passam, Champion se torna ciclista profissional e seu maior sonho é ganhar a famosa “volta da França”. A trama se inicia durante a corrida. A história se torna cada vez mais interessante e à medida que o tempo passa o telespectador fica mais dependente de explicações.
A animação é feita com uma mistura de 2D e 3D e isso resulta em maravilhosas cenas. A trilha sonora casa-se perfeitamente com o filme e a sonoplastia é bastante fiel aos acontecimentos. Em determinado momento, os habitantes da cidade de Belleville são apresentados. São pessoas enormes e exageradamente obesas, o que tudo indica ser uma crítica ao “american way of life”. Como dizia minha avó: “Coisa boa!”.

Leonardo Valdez

sexta-feira, maio 25, 2007

O Captain! My Captain!

1

O Captain! my Captain! our fearful trip is done;
The ship has weather’d every rack, the prize we sought is won;
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring:
But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

2

O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills;
For you bouquets and ribbon’d wreaths—for you the shores a-crowding;
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head;
It is some dream that on the deck,
You’ve fallen cold and dead.

3

My Captain does not answer, his lips are pale and still;
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will;
The ship is anchor’d safe and sound, its voyage closed and done;
From fearful trip, the victor ship, comes in with object won;
Exult, O shores, and ring, O bells!
But I, with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

Walt Whitman

sábado, maio 05, 2007

O Tomate

O Tomate é vermelho.
Sim! Ele é muito vermelho.
Um comunista vivaz
De carne macia visceral.
Malfeitor de sague quente,
Bochechas coradas
E pensamento fogoso.
Diria ruborizado.
Ver-me-lho rubor.

Pare e pense no tomate
Que quando jovem era verde
Feito doente
E com o passar dos anos
Envergonha-se feito um velho.
Sempre a ficar nervoso
Queixa-se de todos.
Diria chato.
Á-ci-do rude.

Um dia serei amigo
Do mais belo tomate
E arrancar-lhe-ei as tripas
Com uma mordida.
Uma vingança sagaz
Por sua mesquinhez
Austera e resoluta.
Diria cruel.
Sá-ti-ra perfeita.

L. Valdez