Aqui estou, junto a tempestade
Chorando como a criança
Que viu que não eram verdade
O seu sonho e a sua esperança.
A chuva bate-me no rosto
E em meus cabelos sopra o vento.
Vão-se desfazendo em desgosto
As formas do meu pensamento.
Chorarei toda a noite, enquanto
Perpassa o tumulto nos ares
Para não me veres em pranto,
Nem saberes, nem perguntares:
“Que foi feito do teu sorriso,
que era tão claro e tão perfeito?”
E o meu pobre olhar indeciso
Não te repetir: “Que foi feito?”
Cecília Meireles
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