sexta-feira, outubro 27, 2006

pequeno pequeno

quarta-feira, junho 14, 2006

Reta

Por momentaneamente vazio.
O corpo pára salubril em descompasso
Estando longe daquela que recreia.

Pedras que n'água tocam barulham
Deixando o pensar que não se aquieta
Fazendo sobrar aqui - a falta.

L. Valdez

quarta-feira, março 22, 2006

terça-feira, março 07, 2006

O Segredo

Fito os olhos em minhas mãos e vejo o passar;
O passar de tudo que se sabe e não se pode.
Uma nau se distancia deixando um fio de espuma;
Espuma-branca que se dissipa - vindo a ser água.

A coluna cervical assim sinuosa se prende;
Se prende a desenhos de coisas que não existem.
Meu medo equilibrista a mim mesmo faz-me morto;
Morto-suicídio rijo - triste no tempo vil perdido.

L. Valdez

sábado, fevereiro 25, 2006

24, Novembro.

Tênue está o tempo
Que sorri junto ao vento que rodeia.
Deixemos a vida.

Sinto a língua em fogo,
Extinto outrora com o bater do sino.
Ouço a lira em maravilha,
A estremecer o ser que hoje felicita.

Tingido foi juízo
Que canta em delícia sob enlevamento.
Matemos a sede.

Alimento um órfão que chora,
Esquecido na rua triste do dia.
Sonho breve com o sol do Egito,
Incessante infinito na noite do Nilo.

L. Valdez

sábado, fevereiro 04, 2006

terça-feira, janeiro 31, 2006

Função Fática

Função Fática!
Função Fática!
Função Fática!

Ei borboleta!
[...]
Não me desvie.

L. Valdez

terça-feira, janeiro 03, 2006


O grito

O porco guincha
E sob a pata dianteira
Sai a golfada de sangue
Que enche a bacia.

Horas depois,
Pronto o chouriço,
Comemos o sangue preto, as tripas,
O grito.

Donizete Galvão

domingo, janeiro 01, 2006


"A dúvida é o preço da pureza... e é inútil ter certeza"
Foto de Carlos Daniel Nunes

domingo, dezembro 25, 2005

quinta-feira, dezembro 22, 2005

O crepúsculo das cores

Se todas flores do mundo fossem iguais
Não seriam flores,
Seriam retratos-pastel de bibelôs feios.

Tristonho seria o bater do peito
E essa minha necessidade de amar se ia.

A pêra já não molharia as bocas túrgidas
E o carrossel giraria em tons de cinza
Opondo-se à poesia.

No entanto, sei que toda flor é única,
Das mais variadas quentes cores,
E que por isso nunca será uma igual à outra.

Nos jardins os bálsamos suavizam o revés
E os anjos cirandam pelo novo dia.

Meu fado plantou-me uma Flor perfeita
E por saber que a primavera da vida é bela
É que o amanhã me vem colorido.

L. Valdez - e. p.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que eu acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda, que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui, a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba,
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

Oswaldo Montenegro