sexta-feira, outubro 10, 2008

Hermida

alísio
murta
aselha
rumo
estalactite
lótus
olor

(...)

Viola de Shakespeare
ouro de mina
café de África
ensaio de vida

L.Valdez

segunda-feira, novembro 12, 2007

Lugar secreto

Este é o lugar secreto,
Terra de traquinas sutilezas mil.
De tão púrpuras, amoras fartam-me a boca
Como numa fuga fraternal.

Este é o lugar secreto,
Floresta doce das ilhotas cristalinas.
De tão oníricas, esperanças fomentam corações inanimados
Como numa viagem além-mar.

L. Valdez

Nov/2005

A chuva

Il pleut aujourd'hui.
Mais pas dehors
Je dis ici, dans la poitrine
Et mille volcans meurent avec moi
Sous les eaux de la mer de l'oublié.

L. Valdez

Jan/2006

segunda-feira, agosto 20, 2007

As bicicletas de Belleville



“Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Quem nunca ouviu falar neste dito popular que tanto nos felicita com momentos inesquecíveis? Veja a mãe que abraça o filho, o casal de namorados que se beijam apaixonadamente. Não é preciso dizer sequer uma palavra para compreender essas cenas; está em nossa essência de gente - basta ver e sentir. Nos filmes de Buster Keaton podíamos perceber claramente que cada personagem possuía características peculiares, personalidades e sentimentos, sem precisar dizer uma única palavra. “As bicicletas de Belleville”, (Les Triplettes de Belleville) filme dirigido por Sylvain Chomet, utiliza os mesmos princípios do cinema mudo com pouquíssimos diálogos – um longa animado que traz em si um nostálgico retorno à infância e fantásticas sutilezas visuais.
Champion é um garoto infeliz que vive com a avó (Madame Souza) e seu cachorro (Bruno). Madame Souza descobre que a paixão do neto são as bicicletas e lhe presenteia com uma. Os anos se passam, Champion se torna ciclista profissional e seu maior sonho é ganhar a famosa “volta da França”. A trama se inicia durante a corrida. A história se torna cada vez mais interessante e à medida que o tempo passa o telespectador fica mais dependente de explicações.
A animação é feita com uma mistura de 2D e 3D e isso resulta em maravilhosas cenas. A trilha sonora casa-se perfeitamente com o filme e a sonoplastia é bastante fiel aos acontecimentos. Em determinado momento, os habitantes da cidade de Belleville são apresentados. São pessoas enormes e exageradamente obesas, o que tudo indica ser uma crítica ao “american way of life”. Como dizia minha avó: “Coisa boa!”.

Leonardo Valdez

sexta-feira, maio 25, 2007

O Captain! My Captain!

1

O Captain! my Captain! our fearful trip is done;
The ship has weather’d every rack, the prize we sought is won;
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring:
But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

2

O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills;
For you bouquets and ribbon’d wreaths—for you the shores a-crowding;
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head;
It is some dream that on the deck,
You’ve fallen cold and dead.

3

My Captain does not answer, his lips are pale and still;
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will;
The ship is anchor’d safe and sound, its voyage closed and done;
From fearful trip, the victor ship, comes in with object won;
Exult, O shores, and ring, O bells!
But I, with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

Walt Whitman

sábado, maio 05, 2007

O Tomate

O Tomate é vermelho.
Sim! Ele é muito vermelho.
Um comunista vivaz
De carne macia visceral.
Malfeitor de sague quente,
Bochechas coradas
E pensamento fogoso.
Diria ruborizado.
Ver-me-lho rubor.

Pare e pense no tomate
Que quando jovem era verde
Feito doente
E com o passar dos anos
Envergonha-se feito um velho.
Sempre a ficar nervoso
Queixa-se de todos.
Diria chato.
Á-ci-do rude.

Um dia serei amigo
Do mais belo tomate
E arrancar-lhe-ei as tripas
Com uma mordida.
Uma vingança sagaz
Por sua mesquinhez
Austera e resoluta.
Diria cruel.
Sá-ti-ra perfeita.

L. Valdez

sábado, dezembro 23, 2006

Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim, felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel
Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel
não vem
Com certeza já morreu
Ou, então, felicidade
É brinquedo que não tem

quarta-feira, junho 14, 2006

Reta

Por momentaneamente vazio.
O corpo pára salubril em descompasso
Estando longe daquela que recreia.

Pedras que n'água tocam barulham
Deixando o pensar que não se aquieta
Fazendo sobrar aqui - a falta.

L. Valdez

quarta-feira, março 22, 2006

terça-feira, março 07, 2006

O Segredo

Fito os olhos em minhas mãos e vejo o passar;
O passar de tudo que se sabe e não se pode.
Uma nau se distancia deixando um fio de espuma;
Espuma-branca que se dissipa - vindo a ser água.

A coluna cervical assim sinuosa se prende;
Se prende a desenhos de coisas que não existem.
Meu medo equilibrista a mim mesmo faz-me morto;
Morto-suicídio rijo - triste no tempo vil perdido.

L. Valdez